A Construção do Pensamento Lésbico na América Latina e seus Impactos nas Universidades Federais Brasileiras: um estudo de caso na Universidade Federal da Bahia

Raíssa Lé Vilasboas Alves

Mestranda do PPGNEIM/UFBA e integrante do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação (GIRA) da UFBA.

O Pensamento Lésbico refere-se a teorias e movimento político cultural que emergem a partir de 1970 e têm como pauta principal a existência lésbica. Essa existência, historicamente apagada, vem se ascendendo na América Latina reivindicando seu lugar na produção de conhecimento. Junto a feministas, tecendo críticas a um modo de fazer ciência que corrobora com a exclusão de grupos marginalizados, as lésbicas aos poucos passam a ocupar o espaço universitário não mais como objetos de pesquisa, mas como as próprias pesquisadoras reescrevendo suas histórias. A pertinência desse tema se dá pelo potencial de transformação social apresentado no Pensamento Lésbico latino-americano, enquanto teorias questionadoras de instituições de dominação não apenas para as lésbicas, mas para mulheres de um modo geral. Esse trabalho se propõe a compreender o Pensamento Lésbico como conhecimento não hegemônico e seu impacto na universidade.

Transcrição do Áudio:

Oi gente! Meu nome é Raíssa Lé, sou mestranda no PPGNEIM da UFBA e vou estar apresentando aqui para vocês hoje o meu projeto de pesquisa. Então a minha proposta é investigar como o Pensamento Lésbico tem sido construído na América Latina e de que forma ele impacta na produção do conhecimento acadêmico, isso será feito a partir de um estudo de caso do curso “Pensamento Lésbico Contemporâneo”. Eu compreendo o Pensamento Lésbico como uma série de teorias e movimentos políticoculturais que emerge a partir dos anos 70 e tem como a principal pauta a existência lésbica. Essa existência, historicamente apagada, problematiza a heterossexualidade compulsória e ressalta a aliança entre mulheres. O Pensamento Lésbico chega para somar com as teorias feministas no que diz respeito ao enfrentamento das opressões das mulheres, sejam lésbicas ou não, então reinvindica seu lugar na produção de conhecimento e tece críticas a um modo de fazer ciência que corrobora com a exclusão de grupos marginalizados. Para mim, resgatar as produções acadêmicas originadas na América Latina propõe uma perspectiva outra, não centrada na Europa nem a partir de uma visão colonial dos marcos históricos. Mas vamos voltar ao meu campo de pesquisa. O “Pensamento Lésbico Contemporâneo” é um curso EaD promovido pelo GIRA em parceria com o Coletivo Lesbibahia, e, até o momento, teve duas edições com uma terceira prevista para acontecer em 2021. Até esse momento já tivemos mais de 200 cursistas formadas, que tiveram acesso a autoras como Monique Wittig, Ochy Curiel, Miriam Grossi, Cheryl Clarke, Adrienne Rich, Jules Falquet, dentre inúmeras outras. A proposta do curso preza pelo diálogo com os movimentos sociais, visto que, considerar os conhecimentos desses grupos é levar para a academia um saber humanizado, horizontal e implicado. Ou seja, promover um olhar crítico frente à ideia de uma ciência neutra.  Meu método consiste em uma análise dos fóruns de discussões, dos trabalhos finais entregues e das jornadas presenciais que compõem o curso, além de mapear seus impactos na trajetória das egressas. Eu quero entender como as teorias e téoricas estudadas influenciam na produção do conhecimento de quem passou pelo nosso curso. A partir de minhas análises preliminares, afirmo que as lésbicas aos poucos têm ocupado o espaço acadêmico não mais como objetos de pesquisa, mas como as próprias pesquisadoras, reescrevendo suas histórias. É por isso, precisamos de lésbicas escrevendo para lésbicas e sobre lésbicas para que seja possível compreender e construir uma história com visibilidade, inclusão e representatividade. Para concluir, é dessa forma que eu acredito que as sujeitas lésbicas assumem o protagonismo dessa narrativa, propondo uma perspectiva não heterocentrada e não androcêntrica de produzir conhecimento. Então é isso, gente, muito obrigada!


Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA

ISSN 2675-2948

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