Um olhar etnográfico sobre o estudo multidisciplinar acerca dos perfis socioeconômicos e culturais das pessoas transexuais
Marcus Dimitri Rodrigues Bassalo
Um estudo multicêntrico sobre os perfis socioeconômicos, geográficos, culturais e de vulnerabilidades de travestis e transexuais é uma pesquisa nacional que está sendo realizada pela Universidade de Brasília, cujo propósito é colher uma quantidade suficiente de dados, a fim de ser possível traçar um perfil dessa comunidade para que, posteriormente, sejam criadas políticas públicas em seu benefício, especialmente quanto ao acesso aos serviços de saúde. Para a realização desta etapa do projeto, foi adotada a etnografia que, segundo a antropóloga Drª Cláudia Fonseca, é uma técnica de investigação pautada na observação-participante, “calcada numa ciência, por excelência, do concreto” e “enfatiza o cotidiano e o subjetivo”. Para ilustrar a relevância da etnografia no projeto, trago duas situações em que ele foi empregado em seu benefício. A primeira, foi uma observação-participante da minha visita, junto com meu professor de antropologia, ao CEDAP – o primeiro ambulatório para pessoas transexuais de Salvador – em que conversamos com o coordenador geral. A segunda situação é a entrevista piloto que fizemos na casa desse mesmo professor, junto com os outros dois membros da equipe baiana, num ensejo em que ele aproveitou para nos mostrar como conduzir uma entrevista etnográfica. A entrevista foi com uma mulher trans, conhecida dele. Nas duas ocasiões, a etnografia se mostrou importantíssima no seu sentido de observar o outro, sem julgamentos ou conceitos pré-concebidos e, sobretudo de escutá-lo, deixar que fale e esse aspecto se mostra extremamente relevante, no sentido de que o projeto visa compor um perfil de pessoas marginalizadas.
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Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA
ISSN 2675-2948
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