Masculinidades negras na experiência escolar de jovens estudantes do Subúrbio Ferroviário de Salvador

Almerson Cerqueira Passos

Do lugar de homem negro, cisgênero, homossexual, candomblecista e “cria” do Subúrbio Ferroviário de Salvador, acredito que os debates sobre masculinidades negras podem contribuir para o entendimento de diferentes modos de vida juvenis no contexto escolar. Quando olho para trás, consigo ver que teci uma trajetória clandestina, de muito sofrimento, uma vez que escamoteava desejos e liberdades em prol de uma suposta “aceitação”, disciplinarização e honra aos princípios morais socialmente estabelecidos, precisando estar adequado e pertecente à “produção de homens de verdade”. Questões de territorialidade produzem experiências distintas entre jovens estudantes negros/as e/ou LGBT do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que lidam com seus corpos e afetividades através de perspectivas insurgentes nos espaços comunitários. Este presente trabalho pretende discutir brevemente as construções das masculinidades de jovens negros estudantes a partir de um estudo etnográfico realizado no ano de 2019, no contexto de uma escola pública. Com os aportes metodológicos da observação participante, diários de campo e entrevistas semiestruturadas, compreendo que os modos de ser homem nesse contexto eram atravessados por marcadores sociológicos que a todo o momento anunciavam masculinidades específicas entre esses jovens negros, mesmo que a territorialidade revelasse que tipo de performance de masculinidade recebia os contornos de hegemonia. Questões de gênero, sexualidade e religião, por exemplo, apareceram, nesse campo, promovendo dinâmicas relacionais e de poder diferenciadas quando as masculinidades negras eram acionadas nas disputas afetivo-sexuais. Portanto, esse estudo, resultado de uma dissertação de mestrado, revelou que não podemos alimentar as armadilhas epistemológicas, incorrendo nos riscos de universalizar as experiências de jovens negros no processo de suas masculinidades. Mesmo que a categoria território atravessasse esses corpos, cada jovem elaborava suas estratégias afetivo-sexuais de maneira singular, nos mostrando a diversidade e complexidade de suas existências.

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Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA

ISSN 2675-2948

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