(In)Visibilidades (Des)Territorializadas na Experiência Escolar: gênero, sexualidade e raça de estudantes do Subúrbio Ferroviário de Salvador
Psicólogo e pesquisador mestrando pelo PPGNEIM/UFBA e membro do Grupo de Estudos Feministas em Políticas e Educação (GIRA/UFBA).
Esta pesquisa visa, a partir de um olhar etnográfico, compreender a experiência escolar de jovens estudantes do subúrbio ferroviário de Salvador com recortes de gênero, raça e sexualidade. Utilizando da observação participante, diários de campo e entrevistas, analiso como esses corpos suburbanos percebem os atravessamentos da cisheteronormatividade, da LGBTfobia e do racismo no contexto escolar, entendendo esse espaço como um lugar de produção de redes de sociabilidade. Tecidas pelas oferendas teóricas dos Feminismos, Estudos Queer, Antropologia e Teorias Críticas da Educação, este estudo descortina a noção de escola apenas como um lugar de aprendizagem informativa e tecnicista, trazendo para o xirê aspectos da ordem do vivido, da afetividade, das experiências as quais gênero, raça e sexualidade movimentam fortemente essas avenidas identitárias. É desse lugar que tenho construído tal episteme, compreendendo as vivências afetivo-sexuais como uma encruzilhada que anuncia a fluidez e o trânsito de jovens a partir da relação com seus corpos no espaço educacional.
Transcrição do Áudio:
Olá, gente! Eu sou o Almerson Passos, homem negro, candomblecista, periférico, gay e psicólogo. Sou pesquisador mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo na Universidade Federal da Bahia e membro do Grupo de Estudos Feministas em Políticas e Educação. Do ponto de vista teórico e metodológico, os meus estudos visam, a partir de uma encruzilhada etnográfica, compreender a experiência escolar de jovens estudantes do subúrbio ferroviário de Salvador com recortes de gênero, raça e sexualidade. Utilizo da observação participante, diários de campo e entrevistas semi-estruturadas, analiso como esses corpos suburbanos percebem os atravessamentos da cisheteronormatividade, da LGBTfobia e do racismo no contexto escolar, entendendo esse espaço como um lugar de produção de redes de sociabilidade. Tecidas pelas oferendas teóricas dos Feminismos, Estudos Queer, Antropologia e Teorias Críticas da Educação, essa pesquisa descortina a noção de escola apenas como um lugar de aprendizagem informativa e tecnicista, trazendo para o centro aspectos da ordem do vivido, daquilo que toca, da afetividade, das experiências as quais gênero, raça e sexualidade movimentam essas avenidas identitárias. Então, pensar a escola enquanto uma encruzilhada cultural e relacional, onde as questões de afeto, família, comunidade, sexualidade, experiências, gêneros, entre outras, se misturam para compor os repertórios comportamentais juvenis, acredito ser é fundamental para compreender o lugar que esse espaço institucional ocupa. As reconfigurações que aconteceram a partir da década de 1980, fissurando os determinismos sociais e as dicotomias instauradas pela ciência moderna, com a crítica das ciências sociais sobre a relação sujeito-objeto, vai deslocar a força de análise das categorias macroestruturais para as relações do cotidiano, propondo um viés mais humanístico. A partir disso, as noções de feminilidade e masculinidade hegemônicas são borradas a todo momento por esses jovens estudantes, através de uma perfomance de gênero mais fluida, que anuncia inúmeras maneiras de viver a sexualidade, chacoalhando os princípios morais estabelecidos e nos convoca também a revisitar as noções de identidade e diferença. Em meio a esse debate, os corpos negros revelam uma estrutura racista nas relações juvenis ao denunciaram os atravessamentos de mais uma matriz de opressão, propondo um olhar interseccional para pensar como estudantes negros LGBT’s, em sua maioria, percebem essas categorias no contexto escolar, e como a região do subúrbio ferroviário de Salvador, composta por mais de 80% de pessoas negras, enquanto perspectiva de territorialidade, nos mostra essas dinâmicas. Portando, é desse lugar que tenho construído esta trama epistemológica, compreendendo as vivências afetivo-sexuais como uma encruzilhada que anuncia a fluidez e o trânsito de jovens a partir da relação com seus corpos neste espaço educacional.
Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA
ISSN 2675-2948
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