Grupo de Trabalho – Gênero, Política e Educação
Grupo de Trabalho – Gênero, Política e Educação
Coordenação: Felipe Bruno Martins Fernandes e Anna Paula Uziel
Debatedores/as: Éric Fassin, Anna Uziel, Felipe Fernandes, Sérgio Carrara
A Entrada do Pensamento Lésbico nas Universidades Brasileiras: Um estudo do curso “Teorias Feministas e Lesbianidades”
Autor/a: Raíssa Lé Vilasboas Alves
Instituição: Universidade Federal da Bahia
Resumo: Esse trabalho se propõe a compreender de que modo o pensamento lésbico adentra as universidades, a partir das hipóteses de que a entrada de lésbicas nas universidades, existência de publicações sobre lesbianidades em periódicos, e promoção de cursos de extensão colaboram significativamente para vislumbrar uma epistemologia lésbica. Portanto, essa pesquisa objetiva investigar a consolidação do pensamento lésbico brasileiro e analisar por quais epistemes ele vem sendo teorizado. Pensando em uma relação dinâmica e autônoma entre movimento social e academia e compreendendo o pensamento lésbico enquanto movimento político-cultural centrado na lesbianidade, essa pesquisa se utiliza da etnografia de tela enquanto recursos metodológicos para construção de diários de campo que embasam a trajetória teórica do trabalho. O campo pretendido é o curso Teorias Feministas e Lesbianidades, oferecido no Semestre Letivo Suplementar da Universidade Federal da Bahia em formato virtual, na plataforma Moodle. Como análises preliminares é possível observar a carência, ainda, de produções acadêmicas acerca das lesbianidades, bem como o desconhecimento de teorias e teóricas lésbicas.
Palavras-Chave: Pensamento Lésbico; Lesbianidades; Lésbicas
Corpos silenciados: como se desenha a violência contra pessoas LGBTQIAP+ negras?
Autor/a: Sônia Maria Santos Soares
Instituição: Universidade Federal da Bahia
Resumo: O presente trabalho faz parte da minha pesquisa de mestrado, na qual discute sobre violência contra corpos LGBTQUIAP+ negros, na década de 2011-2021 na cidade de Salvador, observando os impactos da Covid 19 neste contexto. A condição de subalternização e inferiorização imposta cotidianamente a população negra, pelas estruturas de dominação, configuram as relações de poder que permeiam as vidas dessas pessoas e consequentemente propensas às violências. O objetivo da pesquisa é identificar quais elementos atuam nesse processo, visando compreender o papel das estruturas de dominação diante desse problema social. A metodologia aplicada será pesquisa em fontes digitais de associações e instituições comprometidas com os direitos LGBTQUAP+, para coletar o máximo de informação sobre a vítima e agressor. Acredito que a sociedade civil como reprodutora de estereótipos, discriminação, racismo, sexismo, também deve ser ouvida para que compreendam o tamanho da violência sobre corpos LGBTPQIA+ negros, nesse sentido a aplicação de um questionário também fará parte da metodologia.
Palavras-Chave: LGBTQIAP+, VIOLÊNCIA, RACISMO
Transparentalidades: relacionalidade, gênero e sexualidade entre homens trans e suas famílias
Autor/a: Anne Alencar Monteiro
Instituição: Universidade Federal da Bahia
Resumo: A transição de gênero no âmbito das transmasculinidades tensiona as posições de relacionamento entre as pessoas trans, suas famílias e seus amigos. O trabalho apresentado tomará como base a minha pesquisa de doutorado em Antropologia que está em andamento e que busca explorar esse tensionamento, através das permanências, das rupturas, das nuances, das contradições e das conexões de parentesco que são criadas pelos homens trans ou pessoas transmasculinas e por sua rede de parentes e afins. Com inspiração na abordagem do “novo parentesco” e da noção de relacionalidade (relatedness), a revisão teórica e etnográfica explora a literatura sobre gênero e parentesco. A pesquisa de campo tem lançado mão de três estratégias metodológicas: observação participante; entrevistas semiestruturadas em profundidade e exploração através da internet. Desse modo, essa investigação compreende como o parentesco e os processos de constituição da pessoa imbuída de gênero estão interconectados observando que a solidariedade e o conflito são elementos constituintes que conectam e afastam as pessoas. Essas acumulações e rupturas são feitas a partir de determinados “vetores” ou substâncias que transmitem as qualidades desse processo relacional-temporal. No caso das transmasculinidades, esses vetores parecem estar estreitamente ligados à transição de gênero. O que nos coloca a questão de como tratar a materialidade dos corpos e os desdobramentos de abordar esse tema a partir de uma perspectiva ontológica. Assim, essa pesquisa analisa essa dinâmica que compõe as especificidades das transparentalidades e do “transicionar junto” aos seus parentes e afins.
Palavras-Chave: Transparentalidade; Relacionalidade; Transmasculinidades; Parentesco
Corpo-mangue de marisqueiras sergipanas e tensões de gênero
Autor/a: Yasmim Nascimento de Oliveira
Instituição: Universidade Federal de Sergipe
Resumo: O objetivo desta pesquisa é refletir sobre tensões de gênero a partir da experiência de acompanhamento ao Movimento das Marisqueiras de Sergipe através do Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC-UFS). Apoiando-nos em Judith Butler como referência teórica e no método da cartografia, inserimo-nos no campo das comunidades tradicionais pesqueiras do litoral sergipano durante as reuniões de assessoria ao Movimento. Em escuta das narrativas de marisqueiras, emergem-se pontos fortemente atravessados por questões de gênero, que fazem pensar a força das instituições que sustentam violências sobre nossos corpos e questionar o que estamos fazendo com nossos debates acadêmicos sobre gênero. Fazem-nos pensar se nossos feminismos acadêmicos dão conta das questões de mulheres marisqueiras. Como podemos situar o debate ao ouvir situações de múltiplas violências (doméstica, de racismo/classismo/sexismo ambiental, dentre outras) sofridas por estas mulheres, que envolvem, inclusive, um impedimento da articulação política delas? As suas histórias mostram que a violência do sistema patriarcal ainda nos atinge bem ali na base, de modo muito incisivo, matando-nos dia após dia. Habitar uma certa sensação de se estar na “estaca zero”, junto a essas mulheres, é perguntar-se para onde estamos indo com nossos debates acadêmicos relativos a gênero, em qual lugar estamos, para qual lugar vamos. Alcança-se povos de comunidades tradicionais? Dado este contexto em que a realidade do patriarcado-misógino parece estar superconcentrada e patrocinando a morte destes corpos, o desafio diário é tensionar e produzir saídas, potencializar forças e borrar formas.
Palavras-Chave: Feminismos; Comunidades Tradicionais; Marisqueiras
Em procura de músculo: masculinidades e produções de capital corporal de gênero
Autor/a: Edward Armando Gonzalez Cabrera
Instituição: Universidade Federal da Bahia / Université Rennes 2
Resumo: Em um contexto local e global de expansão das academias, explorei as relações de gênero em uma franquia europeia de fitness na França a traves de uma etnografia de longa duração, junto a frequentadores/as dessa academia. Esta apresentação se focara nos interlocutores homens. Considerar o grupo de homens como monoliticamente dominante esconde muitos nuances e outras formas de dominação dentro do grupo mesmo de homens. Dois resultados importantes. Primeiro, durante a infância, os interlocutores foram incentivados por outros homens próximos à prática esportiva. O esporte torna-se um espaço de intimidade e aprendizado de códigos masculinos e cria uma serie de disposições, corporais e gentrificadas. Segundo, as disposições precedentes influem a chegada na academia, cujo percurso pode ser entendido como uma carreira, no sentido da sociologia interacionista, onde a transformação corporal e subjetiva são centrais, um capital corporal de gênero. São identificadas três sequencias dessa carreira: 1) impor-se a prática; 2) Começar a gostar e estruturar a prática; e 3) tornar-se dependente da prática. Cada sequência sendo um espaço de convivialidade masculina, mas identificando formas de negociar as normas de gênero para esculpir corpos másculos. Esta etnografia torna possível questionar a ideia “é natural que os homens sejam mais musculosos que as mulheres” ou “é natural que as mulheres tenham uma silhueta fina). Não há corpos naturais, eles são modificados desde o nascimento até a morte a traves de múltiplos processos de educação e disciplina. Nesse sentido, “os corpos das mulheres” e “os corpos dos homens” são ficções maleáveis, construídas por diferentes tecnologias sociais.
Palavras-Chave: Corpo, Gênero, Masculinidades, Academia, Fitness
Acción y significado en los discursos anti género dentro del giro global a la derecha en el Uruguay del siglo XXI
Autor/a: Pablo Camacho Spositto
Instituição: Universidad de la República, Uruguay
Resumo: En las últimas dos décadas, Uruguay y el mundo, atraviesan momentos de cambios en materia de denuncia y reconocimiento de derechos hacia mujeres y disidencias sexuales. El feminismo en todas sus ramas, así cómo las diferentes corrientes LGTBIQ+, y la sociedad organizada en su conjunto; fomentando y apoyando las denuncias de violencia tanto extra cómo intrafamiliar, organizando movilizaciones y promoviendo diferentes espacios de discusión, han generado la coyuntura social necesaria para que los gobiernos legislen en materia de género, estableciendo la llamada agenda de derechos. Ante estos procesos se produce el resurgir de movimientos de respuesta contrarios, a los que llamaremos: antigenero. Estos grupos poseen como principal reclamo el rescate de los valores tradicionales, la familia y la vida, ante la invasión de la denominada ideología de género. En este marco propongo comprender y analizar los conceptos, significados y prácticas que forman parte de los discursos y el actuar de los sujetos que integran agrupaciones dos agrupaciones antigenero, una secular y otra religiosa, en Montevideo, Uruguay.
Buscando identificar y analizar los principales elementos que constituyen el discurso anti género en nuestro país, describir y relacionar los conceptos de familia y vida en los grupos anti género como elementos centrales en la discursividad de estos grupos, comparar las diferencias y similitudes entre grupos anti género con un perfil secular y un perfil religioso.
Palavras-Chave: Género, conservador, derecha
El avance de la “agenda de derechos” en la sociedade y la ampliación de derechos para mujeres y personas LGTBIQ+
Autor/a: Laura Mercedes Oyhantcabal
Instituição: Universidad de la República, Uruguay
Resumo: El avance de la “agenda de derechos” con la ampliación de derechos para mujeres y personas LGTBIQ+ y el reconocimiento de derechos sexuales y reproductivos despertaron reacciones en la sociedad. Asistimos a un resurgir de discursos conservadores que colocan al género, la sexualidad, la familia y la tradición en el centro del debate; acusan al feminismo y las conquistas de derechos como responsables de una “crisis de valores” en nuestras sociedades; y toman el concepto de “ideología de género” como paraguas para englobar un enemigo común a combatir.
La propuesta es comprender el vínculo entre sexualidad y discursos políticos, en particular en este contexto de avance de los discursos conservadores y antigénero en Uruguay donde la sexualidad aparece como un terreno central de disputa. La problemática de estudio se construye a partir de los discursos de personas que han sostenido posturas políticas conservadoras o antigénero en Uruguay, desde el ámbito laico como el religioso, ya que en dichos discursos existe una elaboración de modelos, prescripciones y moralidades dirigidos a normatizar el relacionamiento afectivo-sexual. En el entendido de que los discursos son constructores de realidad y se encarnan en las experiencias y prácticas concretas de las personas, parte de la problemática se vincula con las maneras en que los sujetos transforman y/o conservan su sexualidad y sus prácticas afectivo-sexuales en el marco de estos discursos. Se considerarán, entonces, los relatos sobre las trayectorias afectivo-sexuales, emergiendo así las maneras en que reproducen, ignoran, resisten y/o enfrentan estas prescripciones discursivas.
Palavras-Chave: grupos antigénero y conservadores, sexualidad, trayectorias afectivo-sexuales, ideología de género
Fora da África: o encontro etnográfico multissituado e as narrativas anti-gênero sobre dissidência sexual e de gênero em contextos africanos
Autor/a: Amanda Medeiros Oliveira
Instituição: Universidade Federal da Bahia
Resumo: Nesse trabalho analiso narrativas sobre dissidência sexual e de gênero, tendo como ponto de partida o encontro etnográfico multissituado ao pesquisar migrações africanas no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Desde a interpelação heterossexual performada por alguns interlocutores/as africanos/as, os estudos africanos queer, e pesquisas realizadas sobre dissidência sexual e de gênero no continente africano, discuto as poéticas e políticas daquelxs consideradxs por muitos/as africanxs como inexistentes. As pessoas queer africanas, lidam cotidianamente com a narrativa da impossibilidade queer no continente africano e com a hipervisibilidade de “escândalo” nos discursos públicos que pautam os valores e moralidades africanos. Nesse sentido, procuro atentar para as disputas narrativas que envolvem uma gramática de africanidade, tradição, sexualidade, gênero, família, religião e desejo.
Palavras-Chave: estudos africanos, queer, etnografia, narrativas
Educação Escolar Indígena na Bahia na perspectiva do Projeto Cunhataí Ikhã 2018-2021
Autor/a: Nathalie Le Bouler Pavelic; Ana Paula Ferreira de Lima; Rutian do Rosário Santos (Rutian Pataxó); Juliana do Rosário Santos (Juliana Pataxó)
Instituição: Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí) e Universidade Federal da Bahia
Resumo: O projeto Cunhataí Ikhã é uma iniciativa da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí), com apoio do Malala Fund (Fundação Malala). Implementado em outubro de 2018 e finalizado em julho de 2022, o projeto atendeu meninas indígenas entre 13 e 24 anos pertencentes a nove povos indígenas da Bahia.
A elaboração deste diagnóstico se deu a partir da constatação da escassez de dados com recorte de gênero no âmbito da educação escolar indígena no estado da Bahia. Na falta de dados quantitativos e qualitativos referentes ao público feminino nas escolas e colégios indígenas da Bahia, os gestores de políticas públicas não estão sendo devidamente alertados sobre as necessidades das meninas indígenas para que possam ter acesso a uma educação de qualidade. Não dispor desses dados é também pretexto para o não cumprimento de políticas públicas voltadas para esse público.
Palavras-Chave: Educação escolar indígena; meninas indígenas; cunhataí ikhã; Estado da Bahia
Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA
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