Dafne Marcelle de Almeida Ramos Campos
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (2011). Cursa atualmente o Mestrado do Programa de Pós Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, sob a orientação do Professor Doutor Felipe Bruno Martins Fernandes. Participa como sub-coordenadora do projeto de extensão Observatório Feminista das Eleições 2014, coordenado por Felipe Fernandes. Há dois anos organiza o Fórum Sobre Feminismo e Direitos Humanos, em Campina Grande, PB.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3715791632583356
Dissertação de Mestrado: Dissertação versão final
RESUMO
A presente dissertação de mestrado visa compreender, através de um olhar etnográfico, como as mulheres trans*, principalmente as transformistas de dois bares de Salvador, constroem e vivenciam a sua feminilidade. De acordo com o senso comum há uma ligação entre o sexo biológico e o gênero, que faz com que o “ser mulher” seja atrelado à idéia da Biologia, ou seja, para ser mulher seria necessário possuir uma vagina. Essa visão do senso comum é bastante estereotipada ao pressupor que a genitália define a identidade de gênero e, mais além, a identidade sexual. A partir das perspectivas transfeministas vemos que existem outros arranjos corporais que vão além do binômio “mulher-vagina/homem-pênis”, como é o caso das pessoas transgêneras, que são aquelas que produzem seu gênero a despeito das expectativas arbitrárias de construção do gênero ligadas exclusivamente ao sexo biológico. A experiência transgênera pode ser vivida de duas maneiras: como identidade (travestis e transexuais) e como funcionalidade (Transformistas, Drag queens/ kings, crossdressers). Pude perceber em campo que a construção do feminino pelas dragsque estudei pode se dar de diversas maneiras, alinhadas com o ideal de feminilidade da sociedade ocidental ou mesmo subvertendo e desconstruindo esses rígidos parâmetros. Constatei ainda o quão arraigada está a transfobia até mesmo no meio LGBT que, muitas vezes, se recusa a aceitar e visibilizar as pautas trans* dentro do movimento, além de tratar com desdém, no caso dos bares da pesquisa, algumas travestis que transitam por esses espaços. Todo o meu trabalho é norteado por uma perspectiva transfeminista, que busca subverter a cis-heteronormatividade e posicionar o debate da legitimação das identidades transgêneras no campo político, já que é a partir dos micropoderes localizados na cotidianidade que se pode modificar o contexto social. Nesse sentido o trabalho busca contribuir, sob o ponto de vista de um feminismo interseccional, com o avanço do transfeminismo no Brasil através do alargamento das sujeitas que se inserem na categoria Mulher.
Palavras-chave: Gênero. Transgeneridade. Feminismo interseccional