As videoaulas como Tecnologias Acessórias à leitura de textos acadêmicos: estudo de caso a partir do curso de extensão a distância Pensamento Lésbico Contemporâneo
Felipe Bruno Martins Fernandes
Professor da Universidade Federal da Bahia, no Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade e um dos coordenadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação (Gira).
Uma das grandes preocupações no ensino superior é a compreensão das ideias presentes nos textos acadêmicos, dimensão fundamental da educação científica. Assim, é importante que todas as etapas na leitura de um texto sejam compartilhadas entre os discentes, estimulando, dessa forma, a construção coletiva do conhecimento e promovendo um aprendizado por meio do uso da leitura e da escrita. A escrita, nesse contexto, é considerada uma habilidade e deve se tornar uma preocupação dos docentes. A aquisição dessa habilidade por parte dos discentes é o que se chama de “letramento acadêmico”. A partir da reflexão sobre a construção das videoaulas do curso EAD Pensamento Lésbico Contemporâneo (UFBA, 2017), buscaremos compreender o papel das videoaulas no auxílio à compreensão de textos acadêmicos.
Transcrição do Áudio:
Olá! Sou o professor Felipe Fernandes e hoje vou falar de um tema que tem chamado muito a nossa atenção durante a pandemia: a Educação a Distância! Eu, como entusiasta dos processos educativos mediados por tecnologias, tenho achado problemáticas muitas das posições que li, contrárias à EAD pela falta de acesso à internet dos pobres ou pelo uso neoliberal da EAD. Acredito que o Brasil é um país desigual em todos os sentidos, inclusive na educação presencial, e que nossa luta deve ser por internet e equipamentos de qualidade para todas e todos.Vou falar da pesquisa do meu TCC para a Especialização em mídias para a educação online, que virou artigo científico na Revista Docência e Cibercultura da UERJ. Através da etnografia de tela, busquei compreender o papel das videoaulas no ensino superior, tanto para o alcance do sucesso acadêmico como para a compreensão de ideias complexas em textos científicos.Estudei um curso EAD que eu mesmo coordenei, mas não sozinho, com várias colegas, da universidade e dos movimentos sociais, intitulado Pensamento Lésbico Contemporâneo, que formou mais de 200 cursistas em suas duas edições. Dentre os resultados aprendi que as videoaulas são uma excelente tecnologia acessória na compreensão dos textos de nosso curso, e que a prática de estudos das cursistas privilegiou a leitura do texto associada à videoaula, ou seja, as cursistas trabalharam com ambos os materiais ao mesmo tempo. Ademais, o vídeo agiu como um disparador de discussões nos fóruns, direcionando os debates. Uma questão que me pareceu relevante é que as videoaulas se tornaram uma matriz comparativa que ajudou as cursistas a perceberem diferenças e semelhanças no pensamento das autoras estudadas. As videoaulas também contribuíram na compreensão da autoria como uma dimensão que parte de um ponto de vista, valorizando as trajetórias das pesquisadoras que escrevem sobre o tema das lesbianidades. Isso produziu, como atestei, um deslocamento subjetivo e político nas próprias cursistas, que, após lerem os textos e assistirem as videoaulas afirmam terem transformado suas próprias visões sobre as lesbiandiades e sua forma de agir em sociedade. Mas nem todas gostaram das videoaulas! Algumas apontaram que as videoaulas reduziram demais a complexidade do pensamento das autoras e que também deixaram pontos fundamentais de fora. Afirmo dessa maneira que as videoaulas, como tecnologias acessórias, contribuíram com a ilustração do pensamento lésbico enquanto uma epistemologia feminista, ou seja, um continuum reflexivo sobre uma mesma questão. Por fim, considero que as videoaulas foram uma tecnologia fundamental para o acesso das cursistas ao pensamento das autoras, uma vez que funcionaram como instrumento de tradução cultural de um pensamento complexo para públicos com menor trânsito com o texto acadêmico.
Fórum Gira: Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação da UFBA
ISSN 2675-2948
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