II Fórum GIRA reuniu pesquisadoras/es do grupo e parceiras/os na última semana
Na última Quarta-feira (25/05/2016) no Auditório Raul Seixas – FFCH/UFBA foi realizado o II Fórum Gira com pouco mais de um ano após a sua fundação. O GIRA é um Grupo de Pesquisa Feminista coordenado por Felipe Fernandes e Mariangela Nascimento. O evento foi organizado pelos bolsistas PIBIEX Shirlei Santos e Jeferson Reis, de forma bem sucedida, onde pudemos ouvir os resultados de todas as pesquisas individuais e coletivas de integrantes do Gira, que contou com a participação de integrantes e parceiras da pós-graduação, de outras instituições e da comunidade em geral. Apesar de pequeno, o evento em que circularam 40 pessoas ao longo da tarde de trabalhos, foi muito produtivo. Na Conferência de Abertura a Prof.Mariangela abordou a gestão de um grupo de pesquisas no sistema de ciência e tecnologia brasileiro ilustrando densamente os desafios dessa gestão e o papel de todas e todos as/os integrantes nesse processo, inclusive na atualização de seus currículos lattes. Apresentou a folha de rosto de nosso grupo no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e nossas linhas de pesquisa demonstrando o compromisso da liderança do grupo no crescimento coletivo de todas e todos e também na valorização das trajetórias individuais que circulam no grupo. Ressaltou a importância da autonomia e da criatividade na participação em um grupo de pesquisa e pediu mais agenciamento por parte de todas e todos.
Aprendemos com a Mesa I sobre política na escola o papel das mídias sociais e das novas tecnologias como representativas de vivências subalternas e como essas mídias tem atuado na escrita da história de bairros populares como é o caso de Plataforma, no subúrbio ferroviário de Salvador – pesquisa de Camila Figueiredo. Com Cristiano Nogueira e Thales Macêdo conhecemos em profundidade todas as oficinas ministradas no projeto coordenado por Mariângela. Cristiano focou na oficina sobre participação política que teve como resultado a vontade dos alunos e alunas em ocuparem a escola. Thales nos mostrou o papel da música na desconstrução de valores sexistas de nossa sociedade. A mestranda Laila Borges, como debatedora da mesa ressaltou o papel central das novas mídias para essa geração de jovens que está agora nas escolas públicas da periferia de Salvador e questionou os expositores sobre metodologias de percepção da mudança que essas oficinas ocasionaram na vida daqueles jovens.
Na Mesa II sobre pesquisas do GIRA no biênio 2015-2016 escutamos quatro bolsistas de iniciação científica e cada dupla apresentou uma pesquisa. Míria Moraes e Maiara Diana mostraram o papel central de Zahidé Machado Neto na emergência do feminismo intelectual na Bahia e questionaram a inviabilidade imputada a essa trajetória pelas ciências sociais e pelo feminismo, à exceção do centro de documentação do NEIM. Ambas foram interpeladas pela plateia que as questionou por quê Zahidé nunca foi estudada nas disciplinas de gênero. Carine dos Santos Conceição e Núbia Duarte abordaram as mulheres haitianas em processo de migração no Brasil e ilustraram as dificuldades enfrentadas por elas nesse processo em que os homens são sempre a cara da imigração. A professora Izaura Furtado as questionou se analisaram as diferenças entre o tratamento subalterno que recebem no Brasil – o que elas de fato analisaram – e as propagandas do Brasil como destino para imigrantes do período em que o Brasil pleiteava assento no Conselho de Segurança da ONU. Anne Alencar sugeriu a mudança do olhar do sofrimento para o olhar da resistência em que o fato de estarem vivas já é resistência. No que tange a pesquisa de Zahidé, Anne sugeriu dar mais visibilidade à Zahidé no contexto nacional e internacional, ligando-a ao processo mais amplo de institucionalização dos estudos sobre a mulher no Brasil.
Na terceira mesa sobre “Diversidade em Foco: construções e representações homo e trans*”, que foi aglutinada com a quarta mesa “Tecnologias Sociais do GIRA”, coordenada por Sheu Nascimento, Barbara Souza abordou as candidaturas de mulheres trans* nas eleições de 2014, pesquisa que concorrerá ao Prêmio Levi-Strauss na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia. Bárbara argumentou que para as candidatas uma candidatura trans* é uma candidatura de visibilidade que busca incluir pessoas trans* no processo de disputa eleitoral e nos partidos políticos, ressaltando a importância da lei de cotas para mulheres na garantia de espaço para essas sujeitas. Anne Alencar apresentou seu excelente projeto de mestrado, que iniciará em agosto próximo no PPGA/UFBA sobre gestação masculina em que questionará as teorias do parentesco clássicas à luz das teorias feministas e das novas famílias. Shirlei Santos e Jefferson Reis apresentaram o projeto da Revista Cadernos de Gênero e Diversidade que foi avaliado pelos editores-júnior como um projeto eficaz na valorização do conhecimento de excelência produzido na graduação. Mariângela Nascimento apresentou então a Cartilha da Cidadania, que está em produção pelo GIRA, que aborda direitos e deveres das cidadãs e dos cidadãos e recebeu como sugestão a inclusão das temáticas de doação de órgãos, da lei brasileira da inclusão e dos direitos dos imigrantes. Felipe Fernandes apresentou o projeto da Rádio WEB Gira “Cidadania Eu Sou” que será executado entre os meses de junho-dezembro de 2016 e que é mais um canal de diálogo do GIRA com a sociedade. Com esse II Fórum o GIRA prova, mais uma vez, a eficácia de um projeto de produção de conhecimento, intervenção social e formação de novas gerações micropolítica, ou seja, que com uma pequena equipe de bolsistas e orientandas/os somos capazes de produzir conhecimento relevante para a universidade e para a sociedade.